Diácono Francisco: a orientação de um formador foi decisiva na sua caminhada

O Diácono Permanente Francisco Carlos de Assis Borchio compartilha as profundezas de sua vocação, revelando a mão divina que o guiou e o sustenta em sua missão. Ao ser questionado sobre a descoberta de seu chamado ao diaconato permanente, Diácono Francisco enfatiza que não se tratou de uma pretensão pessoal, mas de uma orquestração divina.

– O chamado não é algo querido ou pretendido pela própria pessoa, é algo que Deus prepara, chama e capacita”, afirma com convicção. Ele recorda que, na juventude, acalentava o desejo de ser seminarista, mas compreendeu que a escolha e a capacitação vêm do Alto. É a providência divina que, quando quer, “envia os seus para motivar e auxiliar no discernimento”.

O processo de formação, ele confessa, teve seus momentos de provação. Houve um ponto em que se sentiu incapaz de prosseguir, mas a orientação de um formador foi um divisor de águas: “você já é um servidor da caridade, busque mais o estudo e a oração”. Essa exortação o impulsionou a uma dedicação mais profunda à espiritualidade e ao conhecimento, permitindo-lhe superar as adversidades.

Ele encontra eco e força na exortação de São Paulo em Colossenses 3:23: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens.” Para o diácono, esta passagem é a chave: “quando reconhecemos que nosso trabalho, qualquer que seja, é uma oportunidade de servir a Deus e ao próximo, nossa mentalidade muda. Não estamos apenas trabalhando por um salário ou reconhecimento humano, mas para cumprir nossa vocação divina ao nosso chamado.”

No tocante aos desafios e alegrias de servir nas pastorais sociais da Diocese, especialmente nas áreas mais vulneráveis, Diácono Francisco Carlos não hesita em apontar as dificuldades. “Lidar com problemas como pobreza, desigualdade, violência e exclusão social pode ser desanimador e exigir soluções criativas e colaborativas”, explica. Ele ressalta a necessidade premente de mobilizar mais agentes e sensibilizar a comunidade para as questões sociais, um “grande desafio”, lembrando que “a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”.

Contudo, as alegrias superam as adversidades. “É ver pessoas sendo ajudadas e transformadas pelas ações das pastorais sociais, isso é gratificante”, compartilha com evidente satisfação. O trabalho em equipe e a construção de laços comunitários criam um poderoso senso de pertencimento e apoio mútuo. Servir nessas pastorais, para ele, é uma oportunidade de crescimento pessoal, de desenvolver habilidades e de aprender com as experiências, ao mesmo tempo em que contribui para o bem-estar e a justiça social, conferindo um profundo sentido de propósito à sua própria vida e à vida daqueles a quem serve.

A exigência do ministério diaconal em equilibrar a vida familiar, o trabalho profissional e a missão pastoral é um ponto crucial na reflexão de Diácono Francisco Carlos. Ele sublinha que, embora o chamado possa ser percebido como pessoal, é Deus quem chama, escolhe e capacita. O primeiro chamado, para ele, foi o de constituir uma família alicerçada na fé, gerando e educando filhos.

No entanto, o chamado ao diaconato não foi uma decisão solitária; a esposa, por meio de uma carta de próprio punho, concedeu seu consentimento, um gesto fundamental. Essa tríplice vocação, ele explica, deve ser administrada com “muito discernimento e oração” para que a família, o trabalho e o serviço na igreja mantenham um equilíbrio saudável, sem que um prevaleça sobre o outro.

Manter um diálogo aberto e honesto com a família, colegas de trabalho e a comunidade é essencial para gerenciar as demandas de cada área. Ele destaca a importância de estabelecer prioridades claras e realistas para gerenciar tempo e energia de forma eficaz, além de ser flexível para lidar com as demandas imprevisíveis da missão pastoral e do trabalho profissional.

Integrar a fé e os valores espirituais no trabalho profissional e na missão pastoral ajuda a encontrar um sentido mais profundo de propósito. Fundamentalmente, o apoio e a compreensão da família são pilares para equilibrar as exigências. Ao mesmo tempo, priorizar o cuidado pessoal – incluindo a saúde física, emocional e espiritual – é vital para manter a energia e a motivação para servir.

Os benefícios dessa tríplice vocação são imensuráveis, segundo o diácono: “Viver a tríplice vocação pode levar a um crescimento pessoal significativo, à medida que se desenvolve habilidades e se aprende a lidar com desafios.” E, finalmente, essa vocação tem um impacto positivo não apenas na família, mas também na comunidade e no mundo, à medida que se serve com amor e dedicação.

Sandra Felix dos Santos Borchio, gerente comercial e esposa do Diácono Francisco Carlos de Assis Borchio, disse que a jornada de formação não foi apenas sobre Francisco, mas também transformou sua própria vida e visão de fé. Ela revela que o discernimento de seu marido foi um processo tranquilo, pois logo reconheceu que era o plano de Deus.

– Assinei a carta dando consentimento no mesmo dia que me foi apresentada,” recorda, ressaltando como o apoio e incentivo ao estudo de Francisco foram cruciais. Ela percebe que, ao longo do tempo, sua vida estava sendo moldada por Deus, preparando-a para algo maior. A formação que recebeu durante as atividades no seminário destinada a mulheres e filhos foi fundamental para entender seu papel ao lado do diácono e como mãe de família.

Sobre como conciliar a rotina familiar com a missão pastoral de Francisco, Sandra explica: “Nunca foi um problema. Sempre conversamos muito.” Eles mantêm um calendário aberto para organizar os compromissos e, quando possível, ela o acompanha. Quando os filhos eram mais novos, Sandra esteve presente em compromissos que Francisco não podia comparecer, ajudando as crianças a entenderem o chamado do pai. Hoje, a família reconhece que a missão do diaconato é entrelaçada à vida familiar. “Temos consciência que a família e a missão do diaconato andam juntas,” afirma com convicção.

Mas Sandra não se vê apenas como uma acompanhante na jornada do marido; ela também se sente chamada a servir. “Não é uma separação, e sim um complemento da nossa vida,” afirma. Ela dá todo o apoio necessário para que Francisco exerça seu ministério na comunidade, estando sempre à disposição para ajudar aqueles que o procuram. “Na igreja, estamos à disposição das atribuições que são apresentadas pelo nosso pároco,” complementa.

A transformação na visão de Sandra sobre a Igreja após o marido se tornar diácono é notável. Para ela, houve um aumento no comprometimento com a comunidade e uma maior responsabilidade na vida conjugal e familiar. “O meu conhecimento da Igreja Católica se aprofundou, assim como minha fé em Deus,” conclui, enfatizando como essa experiência enriquecerá sua vida e a visão do ministério em sua comunidade.

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