Hoje sabe-se que a leitura durante a infância e a juventude pode efetivamente causar miopia. Talvez alguém possa pensar que isso seja um problema pequeno, pois na Alemanha, por exemplo, os jovens passam em média apenas 15 minutos ao dia lendo livros, jornais ou revistas. No Brasil, os jovens de 15 a 29 anos leem em média 2 livros por ano. De fato, o problema atual não são mais os livros, mas as mídias digitais de tela, em primeiro lugar o smartphone.
Outras mídias digitais, como o computador portátil, o PC, o tablet e o videogame possuem telas maiores. A tela do celular é menor e fica muito próxima dos olhos, tão próxima quanto um livro, ou até mais do que isso. Além disso, as crianças e os jovens usam o celular em medida extremamente elevada.
Juntamente com outras mídias digitais o uso desses instrumentos ocupa aproximadamente metade das horas do estado de vigília de um jovem. Tudo isso tem consequências em relação ao crescimento da largura dos olhos e a consequente incidência da miopia.
Esse problema não afeta apenas os “ratos de biblioteca”, mas até 95% dos jovens da Coréia do Sul, país que produz o maior número de celulares no mundo e onde cada jovem possui ao menos um aparelho e a infraestrutura digital é a melhor que existe.
Neste país, na faixa de idade inferior aos 20 anos, o percentual de miopia é de 95%. Na China, a taxa é de 80%. Um amplo estudo de 2015 indica que a incidência da miopia na Europa entre os jovens é de aproximadamente 30%. Por outro lado, entre as pessoas mais velhas que durante a infância ou a juventude não utilizaram as mídias de tela ou o fizeram muito pouco a taxa de miopia é de 5%.
Se os valores são esses, não é um exagero falar de uma verdadeira epidemia de miopia na atualidade. Isso é mais grave ao pensarmos que a miopia é uma falta de habilidade adquirida: 97% dessa enfermidade é contraída e apenas 3% é hereditária. Por isso, ocorre uma epidemia real de “miopia adquirida”.
A miopia adquirida é uma consequência da mudança do normal desenvolvimento dos órgãos oculares, devido ao uso excessivo de uma nova tecnologia: os telefones celulares. Desde um ponto de vista histórico e evolucionista o olho é uma parte do cérebro. A miopia não é a única forma de desabilidade que pode surgir por causa do smartphone. Ele causa outros danos ao desenvolvimento cerebral – que serão expostos mais adiante.
No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), a miopia é um problema autodeclarado entre 43,2% dos brasileiros. Ela afeta mais as faixas etárias entre os 16 e 49 anos e nas faixas com nível educacional mais elevado (www.sboportal.org). E o que fazer para reduzir esses danos? Mudança de hábitos: é preciso estar mais tempo ao ar livre, exercitar a visão à distância e reduzir o uso de telas, especialmente o celular.