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Os Smartphones e a Epidemia da Miopia (Parte I) – Pe. Anderson Alves

O livro do neurocientista e psiquiatra Manfred Spitzer, “A epidemia do smartphone” expõe de modo científico, a partir de muitos estudos, o dano dessas tecnologias na saúde e no comportamento das pessoas, especialmente as mais jovens. Ele trata, num capítulo, a atual epidemia da miopia, especialmente nas crianças, adolescentes e jovens que usam por muito tempo os celulares.

Ele explica que a miopia ocorre quando o globo ocular é muito alongado e os raios de luz feitos para convergir no cristalino coincidem antes de atingir a retina. Por essa razão, a imagem que se forma na retina é desfocada. Quando os raios provêm de próximo, eles convergem sobre a retina e gera uma imagem nítida. Por isso, quando os objetos são vistos de perto, são vistos de modo nítido. Chama-se a miopia de “vista curta”, pois ela permite ver bem de próximo e mal de longe.

O motivo disso que o seguinte: nossos olhos são capazes de acomodação (“accomodare” – “adaptar”, em latim). A nitidez é regulada segundo a distância do objeto. Os fotógrafos conhecem isso e o que vale para a fotografia, vale para os olhos. Nós focalizamos um objeto graças a um cristal elástico, cuja margem é presa ao músculo ciliar. Quando esse músculo se contrai, o cristalino engrossa, sendo elástico e contendo filamentos e uma espécie de gel que permitem que sua forma se adapte.

Como surge a miopia? Os antigos pensavam que era causada pela leitura prolongada. De fato, os “ratos de biblioteca” são conhecidos pelos seus óculos. Essa tese foi por muito tempo negada pelos oftalmologistas. Eles pensavam que a miopia ou a presbiopia dependia do fato dos olhos crescerem muito ou muito pouco, tornando-se assim muito prolongados ou muito curtos. Muitas pesquisas foram feitas nos últimos anos e demonstraram o contrário.

Sabe-se que as crianças têm olhos pequenos, mais precisamente, curtos. Por isso, quando olham longe, a imagem sobre a retina fica desfocada, enquanto não ocorre a acomodação. As crianças logo começam a efetuar a acomodação, ou seja, a regular os seus olhos a partir da proximidade do objeto. O seu cristalino e demais tecidos são, de fato, muito elásticos.

Durante a infância e a juventude os olhos crescem e aumenta o comprimento. O ideal é que os globos oculares cresçam até o ponto que a imagem do objeto visto a distância seja nítido. Isso acontece com diversos animais e com os mamíferos (e os homens). Se as crianças e os jovens passam muito tempo ao ar livre e exercitam a sua visão à distância, logo ocorre esse desenvolvimento ideal e saudável. Isso ocorreu na maior parte do tempo da evolução humana. Apenas com a invenção da escrita, há cerca de 5.000 anos, os seres humanos começaram a exercitar mais frequentemente a visão de perto e se expuseram ao risco da miopia.

Os homens e os animais, em geral, veem mais vezes de longe do que de perto. Os animais que crescem na natureza têm uma menor taxa de miopia do que os crescidos em cativeiro. Nos homens, o crescimento da largura dos globos oculares ocorre sobretudo entre os 10 e 20 anos de idade. As populações primitivas não tiveram problemas de miopia e necessidade de lentes para a leitura. As populações civilizadas ensinam os seus filhos em idade infantil a ler e isso provoca a miopia chamada em oftalmologia de “escolar”. Quando se concentra sobretudo sobre uma distância muito pequena (ao ler um texto), o olho se prolonga, pois os raios luminosos convergem em um ponto mais atrás da retina. Acontece então o crescimento da largura dos olhos, até que não conseguem mais ter uma visão nítida. Continuaremos.

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