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Em Busca de uma Ética Digital (Parte II) – Pe. Anderson Alves

A tese central do último livro de Floridi – “Ética da inteligência artificial: desenvolvimento, oportunidades e desafios” – é a constatação do fato que a IA representa um divórcio entre inteligência e capacidade de ação, possibilitado principalmente por dois fenômenos. Por um lado, o avanço das tecnologias digitais permite separar a capacidade de resolver um problema com sucesso da necessidade de ser inteligente ao fazê-lo. Por outro lado, ocorre uma crescente tendência da sociedade para transformar o mundo num ambiente cada vez mais adequado ao funcionamento da IA, o que contribui para a afirmação destes sistemas tecnológicos.

Segundo Floridi, as primeiras versões da inteligência artificial eram na maior parte das vezes simbólicas e constituíam um ramo da lógica matemática. Atualmente a inteligência artificial promove conexões, busca padrões complexos nos conjuntos de dados e seria como um ramo da estatística. O principal cavalo de batalha da inteligência artificial não é mais a dedução lógica, mas a inferência e a correlação estatísticas.

Ele vê vantagens e riscos das IAs. De fato, ele afirma: “Aquilo que eu descrevi até aqui, a revolução digital, oferece enormes oportunidades para melhorar a vida privada e pública, assim como o nosso ambiente. Consideremos, por exemplo, o desenvolvimento de cidades inteligentes ou os problemas causados pelas emissões de carbono. Os algoritmos podem melhorar o fluxo do tráfego e o uso da energia; redes elétricas inteligentes podem reduzir os impactos do carbono. Um relatório recente da Microsoft e da PwC estimou que o uso de inteligência artificial em aplicações ambientais poderia reduzir as emissões globais de gases do efeito estufa em 1,5% a 4%, ao mesmo tempo em que aumentaria o PIB global em 3,1% a 4,4%” (2021)[1].

As oportunidades das IAs estão ligadas, porém, a desafios éticos significativos e novos, como o uso extensivo de cada vez mais dados – muitas vezes pessoais e confidenciais por parte dos Big Data; a crescente dependência dos algoritmos para analisá-los, a fim de induzir escolhas; a redução do envolvimento ou da supervisão humanos de muitos processos automáticos. Entretanto, ele pensa que “Os desafios éticos impostos pelas tecnologias e práticas digitais podem ser enfrentados com sucesso. Boston, Portland e San Francisco estão entre as cidades dos Estados Unidos que baniram o uso indiscriminado do reconhecimento facial pelas autoridades. Implementada com cuidado e ética, no entanto, a mesma tecnologia ajudou a identificar milhares de crianças desaparecidas em Nova Delhi” (Ibidem).

[1] Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/612729-etica-digital-on-e-offline-artigo-de-luciano-floridi

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