No dia 15 de outubro, a Paróquia Santa Teresa D’Ávila, celebrou com grande alegria a festa de sua padroeira, que também é padroeira da cidade de Teresópolis. A missa solene foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Gregório Paixão, OSB, e concelebrada por diversos sacerdotes de Teresópolis, entre eles o Pároco, Padre Jorge Luiz Pacheco.
Tradicionalmente a festa de Santa Teresa é celebrada com vários eventos, mas, devido a pandemia causada pelo Covid-19, foram realizadas apenas atividades religiosas. Mas, como tem acontecido em todas as paróquias, foi oferecido um almoço especial seguindo todas as orientações sanitárias.
A missa presidida pelo bispo diocesano contou com a presença dos professores de Teresópolis, pois dia 15 de outubro também é celebrado o Dia do Professor. Dom Gregório Paixão, que por muitos anos foi administrador de um colégio, ressaltou a importância do professor na formação dos jovens.
Em sua homilia, o bispo lembrou a história de Santa Teresa D’Ávila e sua importância para a Igreja. “Às vezes nos perguntamos: o que alguém que viveu há 500 anos atrás é capaz de nos dizer? Nós que evoluímos tanto em todos os sentidos. Nós que sabemos tanto, que comunicamos tanto. O que uma mestra da vida é capaz de nos ensinar tanto tempo depois?”
Partindo desta reflexão, o bispo lembra que Santa Teresa “foi capaz de sonhar não apenas com aquilo que os olhos lhe revelavam, mas, também sonhar com o céu e por causa disso aos 20 anos de idade ingressou na vida carmelita, na vida religiosa. Eram grandes os sonhos daquela que dava um passo definitivo para sua vida, mas, Santa Teresa se colocou diante dela mesma e viu as dificuldades que tinha em encontrar o coração de Deus. Ela havia finalmente conseguido tocar em Deus pela vida religiosa, mas, percebeu que não conseguia deixar que Deus tocasse a sua vida, tocasse a sua existência.
Lembrando os escritos da santa, Dom Gregório Paixão disse que “escrevendo um pouco sobre a sua existência e depois, aprofundando essa mesma experiência, foi a primeira mulher ao longo de toda a história do cristianismo, a escrever a sua busca de Deus. Como não contava com um grande diretor espiritual, ela própria foi capaz de entender os desígnios do senhor através de sua vida e foi capaz de redigir essa busca incessante de Deus no livro da Vida”.
De acordo com ele, o “capítulo sétimo pode nos dizer muito da experiência de Santa Teresa, mas, também da nossa experiência, da resposta que ela teve e também dessa resposta que nós podemos ter na nossa busca de Deus. Nesse capítulo sétimo ela revela algo impressionante. Revela que durante 15 anos da sua vida, ela não conseguiu penetrar no mistério de Deus. Viveu uma vida de profunda a tibieza, que não é outra coisa senão buscar e não encontrar, desejar e não conseguir olhar, não enxergar de modo algum e de modo especial, não conseguir realizar o grande desejo que era encontrar a Deus. Embora estivesse Deus o tempo todo a sua frente”.
Ainda segundo o bispo, a grande descoberta da santa foi perceber que estava servindo a dois senhores.
“Ela começa a se perguntar como era possível passar por tamanha tibieza. Ela própria começa a questionar a sua vida nos mais diferentes sentidos, porque afinal de contas, como religiosa estava realizada, mas lhe faltava alguma coisa. Ela finalmente, consegue, através de uma profunda vida de oração e de um contato com Deus, através dessa mesma oração descobrir a resposta que serviu para ela e que também serve para cada um de nós. Descobriu que o seu coração estava dividido. Ela viu que buscava profundamente a Deus, mas, ao mesmo tempo lhe encantava as meias verdades, lhe encantava os grandes poetas, encantavam os grandes amores e embora ela estivesse com o pé no convento, no fundo, o seu coração estava no mundo. Estava dividida entre dois senhores. Ninguém pode servir a dois senhores e acabou também descobrindo aquilo que nós ouvimos no evangelho: o senhor é a Videira, nós somos os ramos. Ela percebeu que precisava ser podada, por isso decidiu abandonar toda aquela meia vida para olhar única e exclusivamente para o senhor”.